Um Homem Chamado Scott
Um Homem Chamado Scott

A man named SCOTT | Carta aberta “pra todos os garotos chamados CUDI e homens chamados SCOTT”

Tem um tempo que não paro pra escrever, sinceramente não exponho a tempos minha opinião na internet de forma geral, muitas das vezes escrevo não público e essa visão na maioria das vezes é perdida no tempo, A Man Named Scott talvez tenha relação com o motivo desse texto estar saindo e muitos outros que ainda virão.

A Man Named Scott - Kid Cudi
A Man Named Scott | Original Amazon

No texto vou traçar alguns paralelos da minha visão, de tudo que acompanhei nesses anos como fã e entusiasta de Música, Arte, Hip-Hop e principalmente de artistas como Kid Cudi, Kanye West, Pharrel e tantos outros artistas com essas visões singulares.

Também muito do que pude ver de uma nova perspectiva através desse documentário, um pouco sobre mim, sobre o meu entorno, sobre algumas coisas que eu enxergo, pra falar diretamente com tantos outros que se identificaram, não conheciam tanto e passaram a se identificar com esse “Homem Chamado Scott” e tantos outros.

Vítor Gabriel | Autor do Texto

A Man Named Scott

A Man Named SCOTT é um documentário original Prime Video sobre o Kid Cudi, na realidade um documentário sobre Scott Ramon Seguro Mescudi o gênio por trás do “personagem” o “Sr. Solo Dolo”, responsável por muito do que faz sucesso no cenário do Hip-Hop hoje, não só por ser o artista favorito de um dos mais populares artistas da atualidade o Travis “SCOTT” (que tem o Scott no nome em homenagem ao CUDI), ou no caso do Drake que usa essa influência e referências pra explorar de uma forma bastante comercial, mas principalmente por ter diretamente influenciado no trabalho já consolidado de artistas como o Kanye West e mudar 200% a forma de como se faz Hip-Hop refletindo na atualidade, onde até o Jay-Z que costumava dizer:

– “se você tem problemas com garotas, me sinto mal por você filho, eu tenho 99 problemas, mas uma p*** não é um…”

Jay-Z – 99 Problems | The Black Album (2003)

Passou a falar dos seus problemas tanto conjugais, como das suas relações de amizade e até sobre sua saúde mental no álbum “4:44”.
Pra isso acontecer precisou de algo além de apenas maturidade, precisou de alguns caras, mais especificamente de um deles que basicamente além de não ter medo de ser quem era, quebrou algumas “regras” de masculinidade que existia principalmente no Hip-Hop, mas também na sociedade como um todo, onde um homem não podia falar sobre seus sentimentos.

Kanye West, 808’s & Heartbreak e Man On The Moon

Óbvio que Kid Cudi não foi único, nem o primeiro, mas ele foi crucial, até por conseguir de alguma forma influenciar quem o influenciou e agora vamos falar especificamente do Kanye West, quase todo mundo dentro e fora da bolha Hip-Hop acompanhou a todas as partes da trilogia documental “jeen-yuhs”da Netflix, que não citou muito o ponto ‘Kid Cudi’ na linha do tempo, porém esse contato é documentado em “Um Homem Chamado Scott”, principalmente no início da sua carreira.

Artes de capa de Man On The Moon: The End Of Day & 808's & Heartbreak
Artes de capa de Man On The Moon: The End Of Day (por Bill_Sienkiewicz) & 808’s & Heartbreak (por KAWS)

Por mais que se tenha em mente que além da influência, o Cudi é responsável por muitas composições do álbum “808’s & Heartbreak”, essa influência vai além disso, pelo fato de que a partir daí o Ye passou a expôr através de sua música toda a angústia e sofrimento que ele estava e vem passando durante esses anos.

Eu acreditava que o 808’s de 2008 foi o álbum que mudou a cena, isso era atribuido apenas ao Kanye pela linha do tempo e por ser muito fã. Hoje vejo que nada seria possível sem o Man on The Moon: The End Of Day de 2009, que em resumo são dois álbuns que se complementam.

Ye começou o movimento com College Dropout, Man on The Moon pegou o embalo e esse foi um grande ponto desse efeito bola de neve que afetou a cultura completamente. Antes deles as pessoas eram representadas por coisas tipo “Eu sou um cara maneiro” ou “Eu sou bandido” ou “Eu sou o Gangster”, mas nunca foi sobre “Eu sou introvertido” ou “Eu estou triste, apesar de todas essas coisas que estão acontecendo na minha vida”.

Essas são coisas que nós todos passamos, mas ninguém quer falar sobre, agora nós nos sentimos confortáveis por conta disso (os álbuns).

Don C (Designer) | A Man Named Scott (2021)

Como já foi dito, se for colocar numa linha do tempo com certeza outros rappers falaram sobre seus sentimentos anteriormente, mas não com essa carga emocional, não dessa forma, dedicando uma obra inteira para isso, ainda mais fazer isso no seu album de estréia que foi o caso do CUDI.

Acho que por hora é o suficiente pra apresentar um pouco do conteúdo, mas quem é Kid Cudi fora tudo isso? É mais um garoto que acreditava muito nele mesmo e nos seus sonhos, saiu de Cleveland e foi pra Nova Iorque buscar o que acreditava e se deparou com muita coisa além do “sucesso” no seu caminho.

As crianças diferentes do “Bairro”

Kid Cudi & Dennis Cummings (Amigo de Infância e produtor)

Crescer sendo a criança “diferente” do bairro nunca é algo fácil, independentemente da posição ou local que você está. Isso muitas vezes te torna alvo e só quem de fato cresceu sendo “diferente” entende o que eu estou falando quando digo a palavra alvo. Algo que vem mudando, mas sempre existiu um senso comum da palavra “SER” que é o que coloca a gente em caixas e nesse cenário pra se encaixar você precisa SER algo ou alguém.

ser ou não ser, eis a questão…

William Shakespeare – Hamlet (1599/1601)

– …por que eu sou tão diferente?
– …o que tem de errado comigo?
– …por que eu sinto que não pertenço a esse lugar?

– …qual o sentido da vida?

Geralmente pra fugir dessas perguntas pra si mesmo e algumas vezes até de rejeições, muitos de nós se adaptam, pra ser aceito, pra parecer legal pros outros ou só pra não estar sempre sozinho.

Nós não podemos “editar” as coisas que nós fomos expostos e o que ajudou a gente a criar a o jeito que a gente enxerga o mundo. Então a gente não vai “editar” esse resultado.

Pharrell Williams – A Man Named Scott (2021)

Grande parte das pessoas são formadas pra “editar esses resultados””, essa pressão em volta faz todos sentirem que tem que pertencer a alguma dessas caixas. Pessoas que insistem em ser “diferentes” passam a ser enxergadas como estranhas ou esquisitas e com “diferentes” você pode interpretar de diversas formas do comportamental ao social, questões de gênero, raça, sexualidade, tudo que foge do que é esperado por quem molda essa sociedade. Na grande maioria dos casos essa sociedade “engole” a pessoa, até ela se adaptar a esse sistema e se enquadrar nas caixas onde supostamente “devem” estar.

…não tem a ver com esse jogo de popularidade, sempre foi algo alternativo que se tornou popular. Nós todos (pessoas) não temos que fazer exatamente as mesmas coisas, nós somos programados do zero aos 7 anos pra se encaixar nisso que nós chamamos de realidade, mas nós estamos nos libertando dessas construções, não estamos satisfeitos com os formatos da sociedade atual.

Kanye West | A Man Named Scott (2021)

Todo mundo que mudou a história de alguma forma pensou fora dessas caixas

Ser “diferente” é passar a lidar com essas coisas de forma diferente, muitos dos resultados disso foram positivos pra sociedade, mas nem sempre são.

Kid Cudi & Kanye West são apenas dois nomes dentre muitos outros, alguns tiveram “fama” negativa, outros não chegaram nem a ser conhecidos “publicamente”. São diversas histórias que não deixaram a sociedade moldar suas diferenças, e fizeram alguns dos “avanços” pro mundo ser o que é hoje, nem todos são artistas, nem todos tiveram histórias felizes. Mas a história nos mostra que essas pessoas diferentes só passaram a ser “aceitas” quando a sociedade criou alguma “fama” no que eles chamavam de “diferente”.

O reflexo disso são outras pessoas que se identifica, se inspiram e cada vez mais entendem a importância de não se limitar a um pensamento social pré estabelecido e além de só se questionar, passam a questionar tudo e todos em volta.

“Definitivamente eu agradeço ele (Kid Cudi) por ter sido ele, pra que eu pudesse ser eu.”

Lil Yachty | A Man Named Scott (2021)

Sem mencionar que alguns nomes não chegam e outros não viveram pra presenciar uma “fama” e expor suas ideias. Temos um caso bem popular que é o de Van Gogh, por exemplo, que teve as suas pinturas MUNDIALMENTE reconhecidas, mas só após sua morte.
Quantos “Van Gogh’s” da quebrada a gente perde a oportunidade de conhecer todos os dias?
Quantos não chegaram nem a ser reconhecidos por falta de algum registro?
Quantos desanimaram e desistiram antes mesmo de alcançar seu potencial?
Por quanto tempo “a gente” vai continuar a dar atenção e mídia apenas pras mesmas “meia dúzia” de pessoas?

São perguntas feitas faz MUITO tempo, que em certo ponto algumas pessoas acham que responderam. Mas na realidade o sistema só está colocando esses “questionadores” que reconhece como os mais gananciosos em lugares que talvez façam eles passar a questionar menos ou questionar de um lugar “controlado”. Levando em consideração a diferença moral da palavra Ganância e da palavra Ambição.

Você começa a entender o porquê o diferente é tão ameaçador, e algumas das razões desse sistema insististir em colocar as pessoas em “caixas”.

Muito antes de nós conhecermos nós mesmos, nossos caminhos já estão gravados na pedra
Alguns talvez nunca vão entender qual o seu propósito na vida e outros irão
Tem muitos de nós presos nesse inferno que todos vivemos
Acostumados em ser cegos por conta de regras e julgamentos
Vivemos num mundo que é mais aceito você ser seguidor do que liderar
Nesse mundo ser um líder é um problema pro sistema que nós todos estamos acostumados.
Ser líder nos dias de hoje, é ser uma ameaça.
Poucas pessoas se opõe ao sistema que a gente chama de VIDA
Mas se encaminhando pro final dos 10 primeiros anos desse milênio, nós ouvimos uma voz
Uma voz que estava falando com a gente do underground por um tempo
Uma voz que falou de vulnerabilidades, outras emoções e questões humanas nunca antes ouvidas de forma tão vívida e honesta.
Esta é a história de um jovem que não apenas acreditou em si mesmo, mas também em seus sonhos
Esta é a história do Homem na Lua

Common | In My Dreams (Cudder Anthem) – 1ª Faixa de Man on The Moon: The End Of Day (2009)

Acreditar em VOCÊ é essencial!

Parece clichê, mas depois de ler tudo isso VOCÊ começa a entender o real VOCÊ do qual estou falando. Um VOCÊ sem muitas “imposições” externas, um VOCÊ que quer agradar as pessoas, mas que não precisa mudar a essência pra que isso aconteça, um VOCÊ que reflita de fato quem VOCÊ é.

Se eu tivesse me deixado levar por expectativas e pelo que as pessoas queriam de mim, Man On The Moon: The End Of The Day não teria ficado como ficou.
[…]
A primeira coisa que foi importante pra mim (na criação do álbum) foi criar algo que meio que conversasse com os arrasados e os perdidos, pra eu achar garotos que se sentissem como eu me sentia. Então eu meio que criei algo feito sob medida pro Scott (ele mesmo).

Kid Cudi | A Man Named Scott (2021)

Ser você não é fácil, os dias de hoje fizeram parecer que ficou, com redes sociais, pessoas de todo tipos e coisas que antes não eram, passaram a “ser aceitas” e por aí vai… Mas muito do que é mostrado na superfície na verdade é usado para a emulação de novas caixas, pra justamente usar esse avanço e atrair as pessoas “diferentes” pra retroceder com esses avanços. Então devemos ter MUITO CUIDADO com essas pessoas gananciosas que aparentam “pensar igual a você” muitas vezes elas são uma ferramenta pra te colocar naquela mesma caixa de sempre, só que com uma nova “skin”.

Ninguém melhor pra representar você do que você mesmo, o que você pensa, suas vivências e experiências únicas. Não deixe ninguém com alguns milhares números em redes sociais representar quem você é pras marcas, pras mídias e pro MUNDO.

Porque muitas das vezes essa pessoa é um tipo de “massa de manobra” pra colocar na sua cabeça:
– Tem alguém me representando ali, legal, necessário (compartilhei), agora deixa eu voltar pra minha rotina nesse sistema que já deu a minha cota…
Alguns deles não sabem, mas muitos outros sabem e estão se aproveitando de saber falar, onde te tocar, pra favorecer SOMENTE a eles mesmos e fazer parecer que é sobre algo coletivo, quando na real grande parte dessas pessoas nem vivenciam em prática as pautas que defendem e estão utilizando pra viralizar.

Posso falar por experiência própria e de pessoas ao meu redor, de um ponto de vista social, que nada que é feito pensado no plural, é feito sem algum tipo de sacrifício pessoal.

“Eu sacrifiquei a privacidade da minha vida, e coloquei minhas histórias pra fora pra ajudar os outros”

Kid Cudi | A Man Named Scott (2021)

E esses outros que falei? Eles sacrificam caráter e valores morais por trás da mascará que é chamada de rede social. E você sempre pensou que o “vender a alma” era sobre trombar algum tipo de “demonio”, fazer um ritual e assinar algum contrato com sangue. rs

A Procura da Felicidade

No documentário, o Kid Cudi fala muito sobre seus momentos pré-reabilitação, como ele se sentia, como ele tinha se desconectado dele mesmo e principalmente como a cocaína fazia com que ele se sentisse “normal” pra conseguir fazer as tarefas corriqueiras da sua vida como simplesmente sair de casa. Talvez por não saber lidar com o peso e as responsabilidades que a “fama” trouxe de bagagem, após conquistar o que ele sempre acreditou e mesmo alcançando e ajudando tantas pessoas nesse processo.

…você vai ver isso nos artistas da atualidade, eles não falam do CUDI tipo:
“Eu amo a música dele”
“Ele é muito F**A”
“Ele se veste bem”.
Você sabe o que eles dizem?
[…]
Ele salvou minha vida (voz dividindo a tela com Travis Scott)

Joe La Puma (Criativo da Revista Complex) | A Man Named Scott (2021)

Pra alguém que sempre acreditou em si, mas foi acostumado a ser desacreditado pelas pessoas a sua volta, se torna muito difícil chegar em um ponto de não saber se as novas pessoas na sua vida estão ali porque gostam de você, ou por quem você é… Lembra daquelas pessoas que eu falei lá em cima, sobre emular novas caixas? Algumas dessas pessoas também tentam se aproximar pra se aproveitar desses momentos oportunos de outras pessoas.

Eu só quero estar rodeado de pessoas boas. Olhar elas nos olhos e ver a alma delas, saber que elas são pessoas reais e que estão sendo honestas comigo. Não rolava muito isso comigo, eu pensava tipo:
– Sei lá, se gostam de mim, ou se é porque eu assinei faixas com o Kanye, ou talvez eles só gostem de Day N’ Night e não saibam mais nada(sobre mim).

Kid Cudi | A Man Named Scott (2021)

Esse é um motivo compreensível para se desconectar de quem você é, alias estar sendo você nem sempre é o suficiente ou traduz em “ser feliz”.
A final o que é “ser feliz” né?
O próprio Kid Cudi e diversos outros artistas e pensadores (alguns deles com um final trágico) são a prova de que “nem tudo que reluz é ouro”. Fama e fortuna não têm muita relação com felicidade e sucesso, claro, dependendo do que você entende com essas palavras e de coisas importantes como caráter e moral, sem esse papo de “dinheiro não é importante” é sobre os reais valores.

Então a gente precisa encontrar um equilíbrio nessas coisas, por mais que seu objetivo seja fazer bem pras pessoas, você não consegue sustentar se isso está te fazendo mal. Então é essencial estar bem pra “fazer o bem”.

“Eu percebi que muito do que eu estava lidando era porque eu estava sempre trabalhando, e eu não estava dando pra mim mesmo o tempo pra viver minha vida.”

Kid Cudi | A Man Named Scott (2021)

Continue Seguindo Em Frente

Outro clichê rs, mas acho que a maioria das respostas estão nas coisas simples, levadas a fundo e trazidas pra realidade com muito mais que a superfície de apenas palavras, só “esculta-las” e repeti-las não basta e talvez seja por isso que elas se tornam clichê.

Nota feita por Kid CUDI no seu facebook antes de se internar na Reabilitação (5 de Outubro de 2016)
Nota feita por Kid CUDI no seu facebook antes de se internar na Reabilitação (5 de Outubro de 2016)

Está sendo difícil pra mim pra falar o que eu vou compartilhar com vocês, porque eu me sinto envergonhado. Envergonhado por ser um líder e um herói pra tanta gente enquanto admito estar vivendo uma mentira. Levou um tempo pra chegar nesse lugar de comprometimento, mas é algo que eu tenho que fazer por mim, pela minha família, minha melhor amiga/filha e todos vocês, meus fãs.
Ontem eu me internei na reabilitação por depressão e impulsos suicidas. Eu não estou em paz. Eu nunca estive desde que vocês me conhecem, se eu não viesse pra cá eu teria feito alguma coisa comigo mesmo. Eu simplesmente sou uma pessoa triste, nadando numa piscina de emoções todos os dias da minha vida. Tem uma violenta tempestade no meu coração o tempo todo. Eu não sei como é se sentir em paz. Eu não sei como relaxar. Minha ansiedade e depressão tomaram conta da minha vida desde que eu consigo me lembrar e eu nunca saio de casa por conta disso. Eu não consigo fazer novos amigos por conta disso. Eu não confio em ninguém por conta disso e eu estou cansado de ser passado pra trás na minha vida. Eu mereço ter paz, eu mereço ser feliz e sorrir. Por que não eu? Eu acho que dei muito de mim para os outros e esqueci que preciso mostrar pra mim mesmo um pouco de amor também. Acho que eu nunca realmente soube como fazer isso. Eu estou assustado, estou triste, eu sinto que eu decepcionei muita gente e de novo, me desculpem. É hora de me curar. Estou apreensivo, mas eu vou passar por cima disso.

[…]

Amor e luz pra todos que me amam e me desculpe se desapontei alguém. Eu realmente sinto muito. Eu vou voltar, mais forte, melhor, RENASCIDO. Eu me sinto uma merda, muito envergonhado. Me desculpem.

Amo vocês,

Scott Mescudi (2016)

A depressão levou CUDI as drogas, que quase levaram ele a atentar contra sua própria vida no ano de 2016. O que fez ele entender que precisava de ajuda profissional, mas infelizmente alguns de nós não chegam sozinhos nesse lugar confuso, bagunçado e isolado da mente que está admitir pra sí e ir atrás de ajuda. Pra muitos a única opção que conseguem enxergar de saída é simples, é essa porta sem retorno onde a pessoa dá um fim ao seu sofrimento, mas também a todas as outras felicidade que viriam após superar essa fase. Várias frustrações fazem isso, e isso difere de pessoa pra pessoa, mas acredito que uma das resposta é seguir em frente, simples e clichê, porque só o fato de estar respirando é uma chance pra voltar a acreditar…

Tudo bem se sentir perdido, todos deveriam se sentir perdidos, ninguém sabe ao certo o próprio propósito. Você pode usar esse tempo se sentindo assim e reinterpretar ele pra dizer que você está explorando. Grande parte dessa recuperação é sobre mudar sua percepção e muito do trabalho no caminho da recuperação é sobre mudar a forma de ver o que você está vivênciando. E saber que você pode se sentir perdido com outras pessoas.
Então se sentir perdido é exatamente onde você deveria estar.

Dr. Norcott (Psicóloga) | A Man Named Scott (2021)

Após sair da reabilitação o Kid Cudi aos poucos foi retomando pra si sua vida, lançou em colaboração com Kanye West a dupla e o álbum Kids See Ghosts, que foi um grande passo pra ele voltar a acreditar na sua arte, consequentemente perdeu a vontade de gravar músicas “sombrias” e sente que finalizou esse “capítulo” na vida dele. Ele finalmente conseguiu se sentir feliz, enxergou no seu próprio caminho coisas que fazem ele sorrir e como continuar a ajudar outras pessoas com sua arte, que vem influênciando a cena faz mais de uma década.

Keep Moving Forward – Arte por Vítor Gabriel

Nada pode apagar a sua trajetória, as coisas na qual você foi exposto, as suas lágrimas, os seus sorrisos, as suas vitórias e derrotas. Algumas pessoas se encontram mais fácil, algumas se corrompem no caminho, outras se perdem tentando se encaixar em algo que nunca foi o caminho delas, mas eu acredito que a grande maioria quer ter a liberdade de ser quem é, tendo o controle da própria narrativa, traçar esses caminhos únicos, mas nunca deixando que as perdas tirem o mais precioso que a gente tem, pra que mesmo com derrotas conseguirmos Renascer o quantas vezes for necessário.

Então seja sempre VOCÊ, e que não deixemos nada, nem nós mesmos nos impedir de seguir em frente!

Reborn – Kids See Ghosts (2018)
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