On My Block é como a arte imita a vida

A série, não tão nova assim, prende a atenção com seu jeito cômico de mostrar uma realidade ácida.

On My Block é uma daquelas séries que, pela proposta, tem grandes chances de dar errado, mas quando você aperta o “play”, percebe que o plot twist é tanto que deu certo. E muito certo!

A série se desenvolve em torno de quatro amigos de infância, moradores de uma periferia latina dos Estados Unidos, que recém entraram no Ensino Médio. Também mostra os dramas tipicamente adolescentes e, com uma pegada cômica, mostra um pouco das mazelas de ser um adolescente latino e morador de periferia nos Estados Unidos.

Foto: Reprodução/Netflix

Jamal (Brett Gray) é um jovem negro, filho de um ex-astro do futebol americano e que tem medo de decepcionar o pai, caso ele descubra que o filho odeia o esporte, além de ter um grande problema em guardar segredos, o que se torna um grande desafio para o grupo de amigos.

Monse, até então, é a única garota do grupo e têm pouco interesse em performar feminilidade. Após o verão, a garota sofre algumas transformações causadas pela puberdade, o que acarreta em uma “atenção maior”, dos membros da gangue “Santo”, para a garota.

Cesar é um adolescente exemplar, exceto pelo seu irmão Oscar, líder da gangue “Santo”. Cesar enfrenta o transtorno de ser irmão de um líder de gangue, principalmente por ser o sucessor de Oscar, mesmo que o sonho do garoto esteja longe de ser esse.

Ruby é um adolescente latino, fora de alguns padrões impostos e que, após a mudança da sua prima para a sua casa, se apaixona pela jovem Olívia e com as transformações hormonais da adolescência, isso se torna um grande problema para o jovem.

Os garotos passam por problemas comuns a todos os adolescentes, como o primeiro beijo, o primeiro contato com o sexo, paixões adolescentes e as mudanças corporais da puberdade, mas também trata de assuntos mais pesados, de forma leve e que cause questionamentos ao público-alvo, sem agredir ou causar gatilhos, assuntos esses como machismo, assédio das gangues, estereótipos, entre muitos outros problemas que todo adolescente morador de periferia, de qualquer lugar do mundo, conhecerá de perto.

A série é de uma importância absurda, principalmente se tratando de uma periferia latina dos EUA, em tempos de Donald Trump no poder do país. Acontece que ela foge de todo o clichê de série teen que já conhecemos, com uma pitada ácida desde o seu primeiro episódio, quando os adolescentes se escondem atrás de um muro para observar a festa do Ensino Médio e que, após uma confusão, tiros são disparados e os personagens correm, gritando o calibre das armas que realizaram os disparos.

Foto: Reprodução/Netflix

Com toda a simplicidade visual, “On My Block” ganha o coração da audiência com seus diálogos, vezes em inglês, vezes em espanhol. A leveza qual a série trata de assuntos sérios faz o seu público-alvo se questionar sobre esses problemas que, até então, séries do gênero não relatavam. On My Block também tem uma pitada de humor, drama e sarcasmo, que faz prender o público até o último segundo, sendo fácil maratonar os seus 10 episódios, com um pouco mais de 30 minutos. Além disso, a forma qual desenvolve os seus coadjuvantes, como Olívia e Oscar, faz com que tudo se torne mais fácil de ser digerido, sendo possível entender até mesmo os sentimentos e infortúnios de Oscar, que apesar de tudo, que passa longe de ser um grande vilão.

Além de tudo, a série foi criada por Lauren Iungerich (Awkward) e Eddie Gonzalez (All Eyez on Me), que não deixaram a desejar em nenhum momento. Vale a pena você doar um pouquinho de seu tempo a “On My Block”.

Compartilhe:
comments
About Andressa Vasconcelos 12 Articles
Quanto mais o fogo ardia, ela dava gargalhada!

Leave a Reply

Your email address will not be published.


*