De Malcolm a João Pedro, assassinatos da população negra!

Refletimos num debate feito no dia 13 de maio, oficialmente conhecido como dia da abolição da escravatura, sobre a falsa abolição do negro contemporâneo brasileiro, mas esquecemos de nos aprofundar na questão da violência generalizada que o Estado promove contra corpos negros aqui, onde no meio de um momento delicado e instável que é a pandemia do covid 19 a polícia no cumprimento de seu dever, atira numa criança dentro de sua casa.

O que aconteceu com João Pedro é reflexo do que aconteceu com os nossos antepassados no pós abolição; abandonados à própria sorte, sem segurança e mortos pela polícia.

Hoje (19/5) era pra gente tá comemorando o fato de termos tido um líder como Malcolm X, lembrando sua trajetória e partilhando com quem veio antes seus ensinamentos sobre a organização do povo preto na luta contra o racismo, na construção da nossa fragilizada autoestima e tantos outros assuntos que ele elucidou muito bem durante seus breves 39 anos.

Malcolm X falando em uma manifestação no Harlem, Nova York, em 29 de junho de 1963. | Google

Mas hoje estamos de luto!

O adolescente João Pedro Matos Pinto, 14 anos, foi morto com um tiro na barriga após uma operação conjunta da Polícia Federal e da Polícia Civil no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, no Rio de Janeiro. Resgatado por um helicóptero do Corpo de Bombeiros, o jovem desapareceu por horas e foi encontrado apenas na manhã desta terça-feira (19/5) pela família no Instituto Médico Legal de Tribobó, na mesma cidade. | Informações Ponte (https://ponte.org/policia-sumiu-com-joao-pedro-apos-atirar-nele-foi-achado-morto/)

Foto de João Pedro | Google

Mais uma vez a polícia amparada pelo Estado em ações de combate ao crime, fizeram mais uma vítima. Não foi a primeira vez, lembremos de Flávio Sant’Ana, Cláudia Silva Ferreira, Amarildo Dias de Souza, e as crianças: Jenifer Silene Gomes, Ágatha Felix, Kauê Ribeiro dos Santos, Kauã Rosário, Kauan Peixoto, Ketellen Gomes, e essa madrugada João Pedro Mattos e Iago Cesar, todos mortos em ações polícias em favelas.

Malcolm assim como João Pedro e Iago Cesar morreram precocemente, assassinados. A gente se revolta mas temos medo de sair pra rua e virar estatística como eles. A gente segue lutando como pode, dentro de casa, partilhando da indignação e dos pêsames. Nos organizando pra mudança que agente crê, Malcolm discordaria ele acreditava que as maiores revoluções da humanidade foram violentas, e a pergunta é: devemos nos inspirar na violência?

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