Eloah Monteiro fala sobre o lançamento de seu primeiro disco; “Em Primeiro Lugar”

De Ilhéus para o mundo, a artista baiana Eloah Monteiro, acaba de lançar seu primeiro disco, intitulado “Em Primeiro Lugar”. O projeto tem 12 faixas e traz, de forma leve e descontraída, dilemas amorosos, posições políticas e experiências que contribuem na construção da visão de mundo da artista.

“Em Primeiro Lugar tem direção musical de Ticiana Belmonte, baixo de Vanessa Chalup, e participações como a de Laís Marques, premiada como melhor intérprete do Festival Nacional da Canção, em 2019. A captação foi realizada nos estúdios Canoa Sonora, por Lukas Horus e Mr. Lagos, que também fez a mixagem e masterização do álbum. Nós trocamos uma ideia com a cantora, que nos falou um detalhadamente sobre o projeto.

1- Como foi o processo de criação do álbum e como foi a sua entrega?

– A composição mais antiga do repertório foi concluída em 2007. Selecionar 12 canções que me representassem com tanto material em mãos, foi como realmente nascer de novo, revisitar minhas prioridades, das recentes como “Quarentena Pálida”, das antigas como “Borboleta Azul”. E só se faz isso, da maneira que foi feito neste trabalho, quando respiramos, nos conectamos conosco, mergulhamos, de fato, nesta viagem do autoconhecimento, de configurar o que e quem está em primeiro lugar pra cada um. E como a equipe é formada quase que inteiramente por pessoas pretas, nunca foi um desafio ser compreendida na minha essência, na minha criação, na minha intenção. Muito menos foi uma dificuldade transparecer toda essa verdade no resultado final, toda a equipe soube me ler com segurança, se ver e criar junto tudo que este álbum apresenta.

A minha entrega a este trabalho foi semelhante à que tenho na vida. É a obra de uma vida. Então me joguei com se fosse a melhor e única oportunidade que eu teria de deixar um legado neste mundo, de não permitir que minha criação morresse como sabemos que morrem grandes criadores junto com suas criaturas. Agarrei com unhas e dentes, terminei relacionamento, me afastei de tudo o que não fazia parte desta realização desde que soube que havia chegado o momento de registrar o que já faço há 20 anos. Minha voz, minhas ideias, minha visão de mundo, minhas texturas e cores alcançando a imortalidade que só a arte sabe oferecer.

Segunda onda de uma pandemia mundial, tanta dor e desesperança. Encontrei recurso para contribuir em segurança para esse momento tão delicado. Pude dar o que tenho de melhor e isso não poderia ter sido feito de outra forma senão com uma entrega absoluta.

2- O que você aborda no álbum e de que forma você gostaria que isso chegasse às pessoas

– O álbum fala de muitas experiências pessoais. Algumas vividas outras imaginadas com base nas pessoas que me cercam. A mulher do pescador do que espera aflita a sua volta no Litroal Sul da Bahia, amores homoafetivos não correspondidos, decepções diante do machismo, altos e baixos do amor para uma mulher preta, o amor que também dá muito certo, enchendo de esperança e inspiração, um toque de realidade coletiva em meio à pandemia do COVID-19. “Em Primeiro Lugar” é uma leitura de mim mesma diante do mergulho que fomos obrigados a fazer em tempos de isolamento social. Gostaria que as pessoas, assim como eu, despertassem para aquilo que importa na vida, que vale a pena, que lhes dá tesão e consigam o quanto antes fazer isso chegar ao mundo. Se cada um entregasse a sua melhor versão ao mundo, em que realidade viveríamos? O que a alegria e o autoconhecimento levados a sério poderiam proporcionar a todos nós? Essa é a ideia.

3- O que almeja para o futuro, na sua carreira?

– O álbum “Em Primeiro Lugar”, ainda tem muito a ser explorado, canções atemporais que precisam ser entregues também em outros momentos, em apresentações ao vivo, mesmo que online, e vai acontecer ainda este semestre. Participações em festivais, programas de TV, rádio também estão previstas. Vamos difundir este trabalho ao máximo, além de lançar um clipe inédito, previsto para o segundo semestre de 2021.

Pra frente, só quero concluir a minha missão-passarinho. Para além de cantar, voar! Espalhar sementes em outros solos, ver brotar coisas ainda mais bonitas por onde quer que eu vá. Daí quanto mais longe melhor, né? Mas sem abrir mão da passagem de volta. Quero plantar e colher tudo aquilo que as minhas raízes fizerem renascer.

O disco aborda muitas experiências pessoais da artista. Desde decepções diante do machismo, altos e baixos do amor para uma mulher preta, Eloah espera que o trabalho possa ser bem explorado. Dona de uma musicalidade que vai da cantoria ao afoxé, passando pelo samba, blues e batidas  eletrônicas, Eloah dá a volta por cima dos sentimentos de inferioridade e impotência, provocados pelo preconceito e exalta a música da mulher negra sul-baiana. O nome do disco carrega o sentido de auto conhecimento, amor próprio e autoconfiança

“Em Primeiro Lugar” tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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