Nem só de hype vive o rap!

Hype é, basicamente, estar na moda. Ser falado, estar em evidência, algo muito repercutido de forma positiva. No rap, por exemplo, podemos ter um artista hypado, um assunto que hypou, um life style. Hypar é colocar o que você faz no circuito e tornar aquilo visível, comentado e consumido. Às vezes, esta atenção é o que te coloca na cena e quem não quer isto, não é mesmo? Porem, ao buscar esta janela ou estratégia de marketing, muitos artistas entram em polêmicas e transformam o positivo em algo bastante nocivo não só para carreira, mas para a cena como um todo. E é ai onde eu quero chegar! O rap, um dos elementos da cultura Hip Hop, embora tenha se tornado um produto bastante comercial, não foi dissociado do movimento e ainda é uma ferramenta de transformação social imprescindível na construção da juventude periférica, sobretudo a preta. Se de um lado nós temos os que utilizam este gênero só como business, do outro, uma série de artistas seguem comprometidos com os ensinamentos básicos que, historicamente, fazem parte do elemento. Estas pessoas também geram negócios e querem ganhar dinheiro com sua arte, mas entendem a importância e o papel transformador que o rap tem na sociedade. Mais que isto, sabem o quanto seus discursos são uma extensão de sua música e, como você se apresenta para o mercado, diz muito sobre você. Mas como eu disse, todo mundo quer ficar em evidência e, hypar não deveria ser o problema. A questão é que nesta busca, tem rolado um esvaziamento por parte de quem produz e de quem consome.  O que isto significa na pratica? Que muitos artistas tem buscado a fama de forma bastante questionavel e que, muitas vezes, vão na contra mão do que o rap representa. Sabe aquela frase “Brasileiro gosta de famoso e não de artista”? Poderíamos certamente criar a “Brasileiro gosta de hype, não de rap”. Neste processo, o hype deixa de ser algo positivo e passa a ser o “vale tudo por dinheiro”, com isto, a mensagem que passamos é que para ficar conhecido você precisa gerar conteúdos superficiais e/ou polêmicos. Quando na verdade, deveríamos hypar o oposto disto e dinheiro deveria ser a consequência de um trabalho bem feito. Contudo existe uma cena acontecendo e que é responsável por manter o rap vivo e nem sempre estes artistas serão falados. São os que estão salvando vidas com suas músicas; os que ensinam a população negra a entender suas questões, as que estão lutando por equidade de gênero e politicas públicas, os que estão dentro da Fundação CASA e nas favelas fazendo trabalho de base e até os que estão em manifestações de rua se arriscando no meio de uma pandemia. Todo dia uma mulher ou homem escolhe atuar nesta cultura e somos agentes diretos na formação destas pessoas. Mostrar que visibilidade é importante, mas que o papel do rap, como elemento da cultura Hip Hop, é ser uma ferramenta de construção social. E se você tem conseguido atingir este objetivo, saiba que o que você faz é fundamental para muitos jovens nas mais diversas quebradas, mesmo você não entrando no hype
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