O Rio de Janeiro passa por uma ocupação militar, e no meio disso, as pessoas nas favelas cariocas perderam uma das suas principais ocupações: o baile funk. As cenas de repressão se repetem, repetem e repetem. Coagindo o que era entretenimento e silenciando o tambor.
Nisso, o baile nas favelas foram morrendo aos poucos.
O Rio de Janeiro reagiu a tudo isso simplesmente sendo mais intenso, mais forte. Criando o 150 BPM, um funk com 150 batidas por minuto, mais rápido, mais rebolável. Sim, o Rio de Janeiro se rebelou rebolando.
Mas até ai, se você já viu essa matéria que fala do mini documentário maravilhoso feito pela Vice, já sabe de tudo isso.
O meu ponto aqui é tentar acelerar também o nosso pensamento. Se a forma de resistência dos bailes foi se aprimorar, evoluindo e criando novamente uma identidade própria, talvez essa seja uma verdade única: a gente não vai ser controlado.
A ditadura vence por ser uma agressão direta, se ficar com essa coibição disfarçada, vamos sempre ter um jeito de escapar.
Talvez meu título e o texto até aqui seja um pouco exagerado, esperançoso demais, eu sei, a intimidação ainda vence em muitos pontos. A lógica é tentar usar essa vitória como exemplo, o baile voltou usando só a força da música, uma resistência puramente artística.
O funk é o ritmo mais ouvido do Brasil atrás do sertanejo. É muito dinheiro, a ostentação virou verdade. É o que toca nas favelas. Se toca o favelado, é porque no seu ritmo, no que fala, tem muito sobre o que o pobre gosta.
Aliás, hoje toca até mesmo nas festinhas dos ricos, alcança notas mais altas. Faz o dinheiro subir o morro. É essencial pra favela ser vista, ela ser comentada pelos bailes, pra que os casos que aconteçam da favela pra dentro não fiquem escondidos.
A música foi instrumento de revolta no momento em que o país mais ouviu cale-se. E agora, em tempo de upp, o funk é o que veio pra dar um up na favela carioca. Precisamos estar mais perto do funk, de passinho em passinho a gente percebe como a distração é na verdade um movimento de resistência.
Ao FP do trem bala um grande abraço, Chris, Renan da Penha e geral, todo sucesso do mundo. O ressurgimento do baile de funk carioca é um dos melhores respiros nesse fim de ano.
Para todo mundo que lê, acredite, a picape com 150 BPM faz não só a bunda tremer, a gente resiste na nossa arte.
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