Mano, obviamente é me estabelecer e ganhar a vida com a minha música. Mas com essa Mixtape a necessidade inicial é atingir o máximo de pessoas possíveis. De ter comunicação com elas através do trampo. Meio que ‘desdar’ um nó, saca? Sei lá, quanto mais gente impactar, melhor
Apegado à leitura desde cedo, Rômulo Boca, 32 anos, natural de Crateús, interior do Ceará, começou a compor com o objetivo de se expressar. Este ano, com previsão de lançamento para setembro, promete a mixtape “Quando o Mundo Acabou era Meio Dia”. Nas 19 faixas, aborda suas vivências e traz relatos de fatos marcantes, como as mudanças pelas quais passou, a perda recente de sua mãe e conta como esses e outros acontecimentos o tornaram uma pessoa mais forte. A intenção de ser uma mixtape e possuir mais de 10 faixas, é justamente para tirar o peso do artista de ser algo limitado. “Tudo ali se amarra. O intuito é exercer a impressão de odisseia mesmo. Minha vida não é muito diferente da vida das pessoas que me ouvem. Penso que levando-as numa viagem assim, talvez elas se sintam menos sozinhas e eu também”.
Ao lado de Lucas Félix e Wendeus, Rômulo forma o grupo A.L.M.A. (Arma Lírica Musical da Alma). Eles foram convidados, assim como Teagacê, Chinv, César Masthif, Rodrigo Zin, niLL e Isaac de Salú, para participar de algumas tracks.
O título da mixtape faz alusão a um sonho no qual Rômulo disse a frase para a mãe, dona Francisca Cesário de Almeida. Segundo ele, foi uma resposta psicológica a morte dela.
“Acho que perder a mãe é como ver o mundo acabar. Tipo, hoje me sinto como alguém que vive em um mundo que acabou e esse sentimento veio com a morte da minha mãe. Ao mesmo tempo, sinto que me tornei alguém melhor após a morte dela, alguém menos irresponsável comigo e com aqueles que me cercam. Voltei a ter humildade, no sentido de ter pé no chão. Olho para mim e vejo o que represento, em que local estou, sem soberba, sem tirania, sem arrogância, entende? Isso fica evidente nas letras desse CD, fica evidente na odisseia que ele te leva”, explica o artista.
Dentre todas as faixas, uma das mais importantes é a homônima ao disco, um áudio de dona Francisca para Rômulo, o qual gostaria que o filho ouvisse em momentos que não estivesse bem, para “conseguir forças nas palavras deixadas por ela”. Ele acredita que isso foi uma das formas mais genuínas de amor deixadas pela mãe. Mesmo em uma cama na UTI, consumida pela doença, não deixou de pensar nele.
“Às vezes ouço esses áudios e choro, mas muitas vezes esses áudios me dão uma espécie de vigor, de energia locomotiva. Então, pensei, ‘Bom, alguém vai precisar ouvir isso também para sentir a mesma coisa e sair do canto’. Ao mesmo tempo é uma forma de homenagear o que ela foi, tirar um peso, tirar um nó, sabe?”.
Rômulo se antecipou e soltou algumas faixas da mixtape como single, a mais recente foi com o rapper paulistano niLL, “Multiverso”, produzida por Tadela e Sérgio Estranho. Após o lançamento oficial da mixtape, em setembro, pretende lançar alguns clipes e fazer shows em São Paulo, onde reside atualmente, e também fora do eixo, principalmente na Região Nordeste, onde estão fincadas suas raízes e para um futuro não muito distante, pensa em um EP.
Confira:
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