Gosto de músicas que curam!
Quando um som consegue resumir e se aproximar desse “inconsciente coletivo”, sempre há euforia.
Gosto de artistas com perturbações mentais e algum tipo de dificuldade com a nossa realidade. Gosto quando eles passam isso para suas artes e se tornam fantásticos. Isso é muito triste, mas a forma que eles usam a arte para se construir é incrível. A perturbação mental esteve por trás de diversas obras e assombrou grandes personalidades. Independente do que levou ele aquele estado sempre existe uma história de vida com diversos problemas. Rola toda uma história de superação e uma lição (para os ouvintes), pois em muitos casos não há um sucesso e recuperação plena dessas pessoas.
Parece que sempre há um destino trágico para grandes gênios (nem sempre também), mas não vamos falar de morte e sim de álbuns do ano. Não só de parte sentimental, mas também das dificuldades da vida que refletem autoestima, carreira, metas e passados assombrosos. Tudo está interligado! Na balança da vida nem sempre está tudo bem. Tudo bem não está tudo bem, mas coloque para fora isso.
O fato é que nas maiores adversidades florescem grandes trabalhos e quando isso conversa diretamente com o seu público é ainda melhor. Parece que acontece um alívio da parte do público e artista do tipo “Ufa, não sou só eu”. É preciso coragem para poder expor seus problemas, seus dilemas e suas angústias. Quando o artista está com suas polêmicas em “alta” a expectativa aumenta ainda mais. Mas quando o álbum se transforma em uma resposta e gera uma empatia, é lindo demais bixo!
Um exemplo disso foi o The Miseducation of Lauryn Hill. A artista expôs todas suas dores como mulher negra, artista e mãe. Saiu um álbum extraordinário que muitas mulheres se identificaram, a pauta até hoje é usada como exemplo e uma certa fórmula para outras artistas. Mulheres sempre tiveram mais facilidade de expor suas fraquezas e abrir um diálogo a respeito disso. Por isso somos fodas!
Esse ano tivemos bons álbuns que conseguiram captar o sentimento do público e colocar pra fora um diálogo que há muito tempo deveria ter começado. Esse ano foi onde os homens soltaram o que estava preso. Saíram do armário para o diálogo. Homens negros mostraram suas fraquezas e suas angústias. Nunca antes foi tão falado na “masculinidade tóxica”. Isso ficou evidente. Homens, vocês precisam se cuidar! Acredito que o grande protagonista desse ano foi o Kanye West. Além de ser um fucking produtor ele falou sobre a bipolaridade, que antes era uma espécie de especulação e piada, e sobre os problemas que isso ocasionou.
No Brasil nós tivemos Bluesman do Baco Exu do Blues que expôs seu lado sentimental e de relacionamentos complicados seguindo a fórmula de seu sucesso anterior “Te amo disgraça”. Baco foi colocado no topo de muitas listas, mas isso aqui não vai elencar quem teve o maior “sofrimento” ou sensibilidade, mas sim falar sobre essa exposição.
Eu tenho quatro favoritos para álbum do ano: Ye (Kanye West), Kid See Ghost (Kanye West), O menino que queria ser Deus (Djonga) e Redemption (Jay Rock). Essa ordem até tem até um sentido, um álbum que fala sobre os transtornos bipolares e o que isso pode levar uma pessoa.
O Ye fala sobre o suporte das pessoas e como isso foi importante e como uma forma de continuação o Kid See Ghost também fala sobre esse processo. Destaco as músicas Reborn (Kid See Ghost) e Ghost Town (Ye). Eu sou super fã do Kanye e ouvi esses dois trabalhos de uma maneira voraz. Chorei ouvindo essas faixas e usei elas para me motivarem quando eu precisei. Acho que essa é a magia da música.
I’m so, I’m so reborn, I’m movin’ forward
Keep movin’ forward, keep movin’ forward (Reborn, Kid See Ghost)
O álbum do Djonga ele é (sensação) sensacional! Depois do sucesso de um mega álbum o menino Gustavo colocou suas sensações da fama e da reviravolta que sua vida teve. Falou sobre as responsabilidades de sua imagem e como ela está estruturada (Junho de 94), falou sobre suas pequenas vitórias e prazeres pessoais que não estão ligados a fama (Eterno). Além de suas linhas vorazes o álbum chega a empatia do público que se alegra com a vitória de seu semelhante. É muito bom ver um preto vencer!
O Redeption do Jay Rock é minha alma gangster que fala. O álbum fala da vida de um ex traficante e como ele está no mundo da música. A capa do álbum dá essa letra, uma redenção! Jay Rock mostrou um trabalho lindo e veio com linhas motivacionais como em Win (já ouviu essa música indo trabalhar?).
Coloco como destaque esse álbuns, mas tanto no rap nacional quanto fora tivemos grandes lançamentos e podemos falar que 2018 foi um bom ano para o rap. Nos deparamos com muitas polêmicas e aquela história “um beijo para os inimigos” e bla bla bla. Eu acredito na vitória do meu semelhante e torço por isso cada dia mais. Eu quero me sentir parte da música e me identificar com aquela letra, caso contrário eu não consumo. Um álbum que saiu aos 45 do segundo tempo foi o álbum da Brisa Flow, Selvagem Como o Vento. Um álbum que me trouxe uma paz e muitas sensações que me trouxeram alívio. Já tive oportunidade de falar isso para a Brisa, mas deixo aí novamente o agradecimento.
Por fim, deixo aqui os meus destaques e artistas que vale muito a pena ouvir. Destaco aqui, que entrou para minha lista, o novo álbum do Black Eyed Peas! Eles voltaram para o Hip Hop e to bem feliz com isso! Estão com um trabalho super relevante.
Top 5 rap nacional álbuns do ano
1º O Menino que queria ser Deus – Djonga
2º Saudosa Maloka Sombria – ManoWill
3º Selvagem como o Vento – Brisa Flow
4º Bluesman – Baco
5º Vida Clássica – Solveris
Top 5 rap gringo
1º Ye – Kanye West
2º Kid See Ghost – Kanye West
3º Redemption – Jay Rock
4º Master of the Sun Vol 1 – Black eyed Peas
5º Daytona – Pusha T
Anota esses nomes para você ficar de olho!
Gabz
Masego
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