Marco Antonio Fera lança clipe sobre as possibilidades de relações além das binárias e normativas; assista “Três Meninos”

Marco Antonio Fera lança videoclipe para “Três Meninos”, uma música que relata a experiência pessoal e única vivida pelo artista em 2022, na cidade de Salvador. Naquele ano, Marco e três amigos de diferentes partes do Brasil e dos EUA se encontraram na capital baiana, onde um passeio pela praia de Gamboa resultou em um momento inesquecível. Um encontro com um casal de meninos negros na praia culminou em um beijo triplo, embalado por um samba antigo, desafiando as normas sociais e destacando a beleza do amor em suas diversas formas.

A faixa, que surgiu de uma escrita feita logo após o acontecimento, faz parte do disco Corpo Desobediente. Neste registro, a mensagem é clara: o amor pode ser atípico e os afetos podem transcender aos padrões estabelecidos, manifestando-se de formas diversas e inesperadas. O que vale é a experiência, a reciprocidade, o carinho e a comunicação aberta. A track busca, assim, provocar reflexões sobre as possibilidades de relações além das binárias e normativas, celebrando a liberdade e a autenticidade.

“Três Meninos é uma possibilidade de falar de amor e de liberdade. O que você faria se ninguém estivesse vendo? Por que a gente se priva de viver amor, momentos inesquecíveis, desejos e vontades? Se prender a norma e a padrões pré estabelecidos, que não foram forjados por nós, não nos ajuda a vivenciar a experiência da liberdade. Três Meninos é um convite para olhar a vida sob outros aspectos e perspectivas”.

A canção agora ganha versão audiovisual roteirizada e dirigida por May Mascarenhas, uma mulher negra e lésbica. As imagens, dedicadas a compartilhar simplicidade e beleza, se passam durante o dia, em uma tarde de verão. Os referenciais estéticos remontam rodas de samba de boteco. As cores de figurino e cenário são vivas e brilhantes, transmitindo sensações de calor, suor, clima quente e divertido.

“A arte tem um papel fundamental na vida. É na arte que a gente projeta, observa, pensa, reflete e propõe práticas na existência. E pensar a vida através da arte é uma possibilidade única, sobretudo para nós, pessoas negras, que constantemente somos convidados a conduzir nossas produções para aspectos e narrativas forjados para nós. Três Meninos é uma contranarrativa… São corpos e corpas negras que vivenciam a experiência do amor, do afeto, da alegria, da beleza, da delicadeza, suavidade e, principalmente, que estão produzindo vida. Aqui não se projeta e menos ainda se propaga a violência, a morte e a escassez. Em Três Meninos é a vida pulsando e em abundância”.

Marco Antonio Fera, um artista multifacetado e defensor das questões étnico-raciais e LGBTQIAPN+, utiliza sua arte para criar contranarrativas e dar voz às experiências de homens negros e gays.

“É necessário e urgente falar de amor. Quando projetamos e naturalizamos o afeto em imagens, narrativas, dramaturgias e afins, pode-se constituir novas perspectivas em relação a esses corpos tão invisibilizados e colocados à margem. Ninguém é obrigado a nada, mas é uma dádiva ter a capacidade de elaborar outras histórias e possibilidades para corpos negros. Acredito que a insistência de criar imagens que não sugerem violência e escassez, por mais que não acabe com o sistema do racismo, cria rupturas essenciais na construção da subjetividade de pessoas negras. E é isso que me interessa enquanto artista: criar impactos na vida de pessoas que, assim como eu, necessitam ser vistas e protagonizar histórias de amor e de liberdade.”

Partindo desses atravessamentos, “Três Meninos” é o play perfeito para aqueles que gostam de ícones como Liniker, Rico Dalasam, Luedji Luna e Linn da Quebrada.

Assista ao clipe com acessibilidade: 

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