Diaz dy Baile e a criatividade sincera da Leste

Recentemente, quase que por acidente para ser sincero, tive a oportunidade de ver um show comemorativo de um lançamento que rolou agora no inicio de 2019, chamado Diaz dy Baile e idealizado por dois jovens da Zona Leste de SP. Fui surpreendido, positivamente surpreendido, tanto que aqui estou tecendo algumas palavras sobre, e não é só pela vibe típica e enérgica que esse tipo de projeto geralmente tem. Fui surpreendido pela sinceridade criativa, pela ânsia e a coragem de tornar tudo real, viável e palpável.

Y3ll e Sloope, os dois jovens citados a cima, idealizaram, produziram e mixaram tudo em menos de dois meses. Isso sem conta o quão complicado foi ir atrás dos diversos feats presentes no projeto, segundo eles. A noção de coletividade independente do estilo é algo presente no projeto e talvez seja grande demais para que eu tente falar sobre isso aqui, ouça e tire suas próprias conclusões. Jazz, Plug, Dance House, Funk, Indie são os que destoam e mesmo assim soam harmônicos. É como já dizia niLL em uma das suas tracks no Regina: São jovens negros escondidos em quartos escuros fazendo clássicos.

A impressão que tive durante o show é que tudo estava ali, toda questão da falta de oportunidade e pouco recurso, tudo isso convertido em criatividade e vontade de representar toda a totalidade do que é acreditar na música. Mais do que isso, não só acreditar, mas viver a música e tudo que ela representa. 

Sempre me interessei pelo ato de criar até mesmo antes de trabalhar com tal e é interessante pensar que o impulso inicial, o motor, é sempre o mesmo: Vontade. As vezes de ser ouvido, as vezes por ter realmente algo para falar procurando redenção ou até usando-a como uma válvula de escape. O potencial de uma ideia é sempre imenso. E não quero aqui julgar valor de cada uma delas, ou até mesmo botar em juízo. Somos diversos, e temos necessidades e objetivos diferentes, é exatamente isso que me fascina. Fascínio esse que sempre me fez nutrir uma certa curiosidade sobre o processo criativo de terceiros, saber como ideias surgem e tomam forma. Sei que é algo sempre bem particular, as excentricidades, os modos, as dificuldades e tudo mais. A execução é sempre uma junção de tais, principalmente quando falamos sobre RAP, gênero popular que infelizmente ainda sofre preconceito pela temática já que insiste em apontar as dificuldades do que é realmente ser pobre e sofrer preconceito racial.

Diaz dy Baile para mim é a conversão disso tudo, é enxergar a pluralidade do que é crescer num extremo de uma cidade grande e cosmopolita, é entender que as referências dos outros importam e precisam ser ouvidas, é o transformar em música e esperar que ela faça algo, pelo menos no campo das ideias, enquanto eles insistem em correr por aqui dando vazão a coisas do tipo.

 

Confira:

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Sobre Eduardo Fagundes

Mais um pseudo um monte de coisas, designer frustrado, estudante de jornalismo, fã incondicional de música, quadrinhos e cinema. E bem naquelas: Eu visto preto por dentro e por fora.
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