Greve geral e um álbum do Criolo, bem vindos de volta ao samba de protesto com Espiral de Ilusão.
Antes do Hip-Hop descer dos EUA pra cá, antes da Disco Music se tornar o fenômeno que influenciou Tim Maia, antes do Blues e do Jazz, chegar aqui em terras tupiniquins nós tivemos o Samba.
Samba foi (como o rap é) um som de preto, mas de preto mesmo, dos marginalizados e excluídos que viram na música uma forma de aliviar os males da vida e trazer um sorriso no rosto, sempre trouxe letras que contavam um pouco da realidade do Brasil preto e pobre mas com a irreverência que só um sambista poderia ter. Era sátira, era crítica, era revolta e protesto, mas acima de tudo era samba.
Os anos se passaram e o samba virou parte de todo o cidadão do gueto do Brasil.
Hoje divide espaço com o funk, com o rap, pagode, mas quem não conhece o nome de Cartola, ou pelo menos conhece uma música dos Demônios da Garoa ?
O Rap foi pra minha geração o que o samba foi pra tantas outras antes da minha, e num resgate digno de filme, temos um dos principais nomes do rap nacional revivendo um gênero que mudou a vida de muitos: Criolo.
Acompanhando a trajetória dele, ouvindo os CDs e a evolução, o seu mais recente álbum “Espiral de Ilusões” traz algo que nós já podíamos contar, afinal, sempre foi inegável a influência do samba em suas músicas e conforme os anos passaram o ritmo ficou cada vez mais constante em suas gravações, é nítida a diferença entre Ainda Há Tempo (2006) com Convoque Seu Buda (2014).
Assim como o Samba dividiu seu lugar com o Rap na cultura da periferia, Criolo faz um resgate ao samba de protesto, trazendo nesse álbum toda a licença poética que sempre manifestou em outras músicas, mas dessa vez com um sentimento de familiaridade e volta as raízes mesclada com frases marcantes que é o que o rapper faz de melhor.
Escute Espiral de Ilusão do Criolo no Youtube:
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